Saturday, February 10, 2007

GATOS PARDOS (12 )


A DÍVIDA


Tânta... Pois é. Como se diz?- pergunta o taxista, retomando o diálogo.
Tântalo! Pois desse tal ele nunca me falou nada! O Gaturamo era uma figura. Contam que depois da morte do Tenente, ele não apareceu mais no boteco; muita dívida!!.
-- Mas, um dia, de surpresa, voltou.
-- Como o senhor sabe?
-- Eu estava lá!!
" Dá uma gelada aí, Gordinho!
– começou ele.
Pois tive um sonho lindo com teu pai...continuou.
Conta, conta! – incentivou o novo balconista, dizendo-me, de passagem :
" Hoje vou receber aquela conta antiga".
Pois o teu pai está no céu, rapaz!
E onde mais o velho haveria de estar, ora, ora.
Claro, claro, eu nunca duvidei que seu destino fosse o céu, mas... anjo?!, isso não! É demais. De anjo ele não tinha nada, convenhamos.
E lá também ele toma conta do bar, acredita?!
-- Bar no céu?!
-- É, mas só vende água rosada...
Nem uma cervejinha por baixo dos panos!?
Pior que não.
Pausa. Passou um anjo.
- Quando me viu...assustou-se!
Viu??
É, visitei o céu! Não acredita??
E como está o velho?!?
Êle? Estava lá, bonito, gordo, aquele mesmo bigode, agora grisalho, lógico; sorriso largo, uma simpatia. Abraçou-me contente...
E o que disse?
A voz dele é que está diferente. Parece voz de artista de novela! Deduza, homem!
Não sei, não sei...
-- Falou-me sobre muitas coisas, sobretudo do longo tempo que passou no purgatório.
-- Purgatório?? Um homem bom daquele esteve ainda no purgatório?
-- Eu também não entendi mas...
-- Veja como são as coisas
-- Quê mais ?
Ah, sobre a minha dívida...?
E aí, isto me interessa. Necessito quitar uns fornecedores ...
" Está perdoada," concedeu quando nos despedimos.
Heim?!?!? Como te perdoou?
Até amanhã! Vamos Buck, vamos logo que está na hora do almoço.
E lá se foram; o homem e o cão, outra vez.

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